Pesquisa do Núcleo Interdisciplinar de pesquisas sobre Educação, Jogos, Políticas, Cultura Latino-americana e Afro-brasileiro






TEORIA ANTICOLONIAL, DEMOCRACIA E FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE GEOGRAFIA


Buscamos compreender as limitações colonizadoras da Geografia europeia e como essa impede pensamentos realmente críticos os quais possam fortalecer a democracia brasileira. Estudos epistemológicos na Geografia que partem de uma crítica interna são ainda raros, visto que a preocupação de muitos estudos epistemológicos é reafirmar as categorias e conceitos de análises de forma a evidenciar a Geografia como uma ciência elevada quanto aos problemas espacializados.

A importância dessa pesquisa está na compreensão de que o modo de produção (capitalista e imperialista) produz os enunciados científicos e estruturam o pensamento crítico. Neste sentido, propomos compreender as categorias e conceitos geográficos a partir das matrizes fundadoras da Geografia do século XX as quais foram desenvolvidas para colonizar o continente africano e, posteriormente, usadas pelas empresas capitalistas para explorar os povos latino-americanos.

A formação de professores de Geografia está ligada diretamente a composição das formas e conteúdos do sentido em pensar, agir e ver a realidade; assim, a realidade precisa ir além das imposições ideológicas e ser confrontada reflexivamente com as contradições econômicas, sociais, políticas e morais. A formação profissional do professor passa necessariamente pela composição hegemônica de mundo e isso implica em uma oposição crítica a essa hegemonia, pois é importante frisarmos que as contradições das questões hegemônicas são decisivas para subtrairmos os impeditivos que levem a uma crítica sobre o aprendido enquanto processo pedagógico e científico. Deste modo, a formação de professores comprometida com a subtração dos entraves imperialista precisa conhecer o que é esse imperialismo ideologizado em nuances moralizantes e no sentido propositalmente estético derivado de valores ditos democráticos.

São, assim, essas contradições do imperialismo que reside a justificativa desse projeto, pois apresentaremos a formação de professores de Geografia a partir dos impasses e limitações das lutas que são ignoradas dentro da sociedade de classes nas múltiplas escalas e articulações políticas, econômicas, culturais e sociais. Compreendemos o imperialismo na América Latina e África na definição atual direcionada pela Europa e pelos Estados Unidos, mas para isso é fundamental compreendermos os processos históricos anteriores, desse modo, o século XIX nos apresenta o auge do colonialismo dentro da modernidade imperialista, ao passo que ao delimitarmos a colonização da América Latina e da África desde o século XV compreenderemos a totalidade desse processo na lógica do modo de produção diante dos países colonizadores e imperialistas. Assim, o tema em questão (Teoria Anticolonial, Democracia e Formação de Professores de Geografia) nos permite constituir um cabedal não imperialista para uma releitura de obras fundadoras e balizadoras da Geografia, essa forma de processar a história do conhecimento geográfico passa pela necessidade de organização de temas e problemas esquecidos pelo tradicionalismo geográfico; assim, a releitura de obras clássicas de forma crítica implica numa postura filosófica que apresente os processos históricos, econômicos, políticos e tecnológicos como instrumentos de validação científica. 

Desta maneira, compreendemos que o objetivo da pesquisa centra no entendimento da epistemologia da Geografia nas perspectivas conjunturais e escalares avaliando a situação do tempo e do espaço presente com vistas às perspectivas futuras para o aprender e ensinar Geografia voltado para a formação docente.

 

Comentários

Postagens mais visitadas